Resumo: |
Neste trabalho estudamos as potencialidades do vidro aluminosilicato
de cálcio com baixa concentração de sílica
e isentos de hidroxila (LSCAS), dopados com íons terras raras
trivalentes para aplicações tecnológicas no
desenvolvimento de dispositivos ópticos ativos e passivos.
Produzimos vidros dopados com itérbio, com itérbio e
túlio e com itérbio e hólmio. Os resultados
obtidos mostraram que tal material tem potencial para utilização
como meio ativo para laser operando nas regiões espectrais do
infravermelho próximo e médio que tem aplicações
nas áreas biomédicas e odontológicas, e no
visível e infravermelho próximo em sistema de
transmissão de dados através da comutação
das intensidades nos comprimentos de onda de
emissão de 480 e 800 nm. As amostras foram produzidas em um
sistema de fusão em atmosfera redutora controlada, mantido por
um sistema de vácuo para eliminar a formação da
hidroxila e assim obter um meio ativo com transparência óptica
da ordem de 90% na região espectral desde o visível até
5 μm no infravermelho médio. Com isso, a emissão
luminescente dos íons terras rara introduzidos na matriz
vítrea não é reabsorvida, permitindo a produção
de meios ativos para laser de estado sólido para operar nesta
região do espectro. A caracterização das
amostras foi realizada com medidas de espectrofotometria,
espectrometria de lente térmica e fotoluminescência.
Para conseguir uma eficiente emissão no comprimento de onda
de 1,8 μm estudamos a relação entre as concentrações
dos íons dopantes Yb3+ e Tm3+ em função
do regime de potência de bombeio que favorecesse os mecanismos
de transferência de energia para esta emissão. Para a
determinação da eficiência quântica da
emissão no comprimento de onda de 1,8 μm no sistema dopado
com itérbio e túlio foi estendido o método
empregado por Rohling considerando a razão de ramificação
das transições entre os níveis metaestáveis
dos íons túlio trivalentes. Além disso, o
sistema dopado com Yb3+ e Tm3+ mostrou forte
dependência na razão das intensidades das emissões
luminescentes nos comprimentos de onda de 480 e 800 nm em função
das concentrações do íon Tm3+ e da
potência do laser de bombeio, apresentando comutação
nas intensidades de luminescência. Este resultado evidenciou
mais um potencial tecnológico destes vidros para aplicação
em dispositivos ópticos para transmissão de
informações. Estudos preliminares do vidro LSCAS
co-dopados com Yb3+e Ho3+ também indicam
este material para o desenvolvimento de meios ativos para laser de
estado sólido com emissão na região espectral do
infravermelho médio, complementando o do sistema Yb3+e
Tm3+. Também produzimos pela primeira vez o vidro
LSCAS dopado com TiO2, que apresentou longo tempo de vida
de emissão, da ordem de 170 µs. Estudos preliminares
indicam que este sistema é um bom candidato a
meio ativo para laser com emissão espectral próxima
a do monocristal comercial de titânio safira, porém
devido às propriedades especiais da matriz vítrea
hospedeira LSCAS, poderá ampliar a escala espectral e
de potência para muito além daquelas conseguidas
com a matriz cristalina de Ti3+: Al2O3,
similarmente aos sistemas Nd3+: YAG e Nd3+:
Glass. Em conclusão, os resultados deste trabalho ampliaram as
perspectivas de utilização da matriz vítrea
LSCAS como hospedeira de íons ativos para o desenvolvimento de
dispositivos ópticos passivos e de meios ativos para laser que
operem na região espectral do visível ao infravermelho
médio.
Palavras
chaves: Vidro aluminosilicato. Terras raras. Laser.
Conversão ascendente. Comutação de energia.
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