Resumo: |
Neste
trabalho foram estudadas propriedades termo-ópticas de diversos
sistemas vítreos em função da temperatura, na
região em que o pico de bóson ocorre, e ainda
próximo das transições vítreas. O calor
específico dos sólidos não-cristalinos na
região de temperaturas muito baixas (T < 2 K) foi discutido a
partir de uma aproximação teórica simples,
admitindo a possibilidade de que seu comportamento possa ser explicado
em analogia com a descrição física do hélio
superfluido. É proposto que o espectro de
excitações do sistema em baixas temperaturas seja formado
por dois gases ideais de quasipartículas bosônicas. Um
é o gás de fônons, que sempre está presente
no espectro e leva a contribuição de Debye; o outro, que
é muito importante em temperaturas abaixo de 1 K, é um
gás de outras quasi-partículas bosônicas, cuja
relação de dispersão é similar à
proposta para o hélio líquido. Também medimos o
calor específico de vários vidros em temperaturas
intermediárias de 2 K até 160 K. Foi observado que a
adição de íons terras raras na estrutura
vítrea modifica o calor específico nessa região de
temperatura, podendo ser explicado em termos do caráter
modificador de rede dos íons de Nd3+. Foi proposta uma
explicação simples e geral para a presença do
máximo no calor específico (pico de bóson), a
partir de um modelo semi-clássico usando a
aproximação de Debye para tratar o movimento vibracional
não-harmônico dos átomos interligados da rede
vítrea. Na segunda parte do trabalho ampliamos a capacidade da
Espectroscopia de Lente Térmica para quantificar a difusividade
térmica, a condutividade térmica e o coeficiente
térmico da diferença de caminho óptico ( ds / dT )
de vários sistemas vítreos no intervalo de temperatura
entre 4 K e 300 K. Os vidros estudados foram: aluminosilicato de
cálcio, fluoreto, fosfato e soda-lime. A técnica foi
aplicada ainda para medir os valores absolutos das propriedades
termo-ópticas de vários vidros da classe dos boratos em
altas temperaturas, na região entre 20ºC e 500ºC. O
parâmetro ds / dT também foi medido por meio da
técnica de interferometria óptica, o que permitiu a
confirmação da região de temperatura em que a
transição vítrea ocorreu. Nesta parte do trabalho
o calor específico foi medido por um calorímetro de
relaxação térmica, no intervalo de temperatura
entre 20ºC e 300ºC. Desta forma, foi possível
determinar nesta região de temperatura os valores da
condutividade térmica, da eficiência quântica de
fluorescência, do coeficiente de expansão térmica
linear e do coeficiente térmico da polarizabilidade
eletrônica. Os resultados mostraram a habilidade da
técnica de lente térmica resolvida no tempo para
determinar propriedades termo-ópticas na região de baixas
e de altas temperaturas, trazendo informações relevantes
para o melhoramento de sistemas vítreos com potencial para
aplicações em sistemas ópticos. Em
conclusão, os modelos teóricos apresentados neste
trabalho para explicar os dados do calor específico apontam para
uma nova maneira de interpretar as excitações de baixas
temperaturas, podendo ainda, a partir de um tratamento mais elaborado,
ser unificados. Dessa forma, os parâmetros determinados pelos
modelos poderão ser correlacionados com as propriedades
termo-ópticas desses materiais, sugerindo que a técnica
de lente térmica pode contribuir, juntamente com os modelos
teóricos, para uma interpretação mais
realística das propriedades físicas dosmateriais não-cristalinos em baixas temperaturas. |